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Sociedade

CDD denuncia perseguição política contra membro da igreja católica na Matola

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O Director do Centro para Democracia e Direitos Humanos, Adriano Nuvunga, denuncia perseguição política ao Frei Lafim na Paróquia São Gabriel Arcanjo da Matola por membros do partido no poder por abordar questões como “corrupção, injustiça social”.

“Durante as Eleições Autárquicas de 2023, o Frei Lafim fez um apelo aos crentes para não colaborarem com injustiças, exortando-os a seguir princípios de justiça eleitoral”, lê-se na carta aberta à comunidade católica divulgada neste sábado com assinatura de Adriano Nuvunga.

“Este posicionamento, embora fundamentado na ética cristã e na justiça, atraiu a atenção indesejada de representantes do partido político no poder, resultando em visitas intimidatórias”, continua.

O Frei Lafim reafirmou sua postura, destacando que suas palavras estavam “alinhadas com os valores evangélicos”, mas desde então tem enfrentado vigilância e oposição crescente, acrescenta.

Frei Lafim assumiu o cargo de vigário na Paróquia São Gabriel no ano passado. Desde então, sua abordagem “franca e directa na comunicação, baseada na Palavra de Deus”, tem sido marcada por um compromisso inabalável com a verdade e a justiça, descreve.

“Suas homilias não têm hesitado em abordar questões cruciais da sociedade, como corrupção, injustiça social e práticas inadequadas, desafiando os padrões estabelecidos e muitas vezes contrariando as expectativas de alguns membros da paróquia”, anota a carta de Nuvunga, que se declara cristão católico.

Nuvunga fala da “sua postura reformista” que não se limitou às suas homilias: introduziu mudanças significativas na escola sob sua direcção e implementou reformas que visam melhorar a infra-estrutura e combater práticas inadequadas, promovendo uma educação mais justa e inclusiva.

No entanto, suas acções geraram resistência entre antigos gestores e membros da comunidade que se beneficiavam do status quo, acrescenta.

“O Frei Lafim tem sido alvo de críticas e campanhas de desinformação por parte de alguns membros do Conselho Paroquial alguns dos quais da Frelimo, que têm tentado desacreditá-lo e afastá-lo de suas funções. Acusações infundadas sobre seu comportamento pessoal e seu estilo de vida têm sido utilizadas como ferramentas para silenciá-lo”, explica.

Seu trabalho “incansável” em promover valores cristãos e sua dedicação ao combate ao suicídio, vícios como o alcoolismo e o uso de drogas em sido reconhecidos e “apreciados”.

“Sua abordagem inovadora e seu empenho em proporcionar uma educação culturalmente rica e inclusiva têm transformado vidas e oferecido uma nova perspectiva de liderança e serviço”, elogia.

Adriano Nuvunga apela à comunidade católica para que esteja “atenta e solidária” com o Frei Lafim.

“Sua luta não é apenas uma questão pessoal”, mas uma questão de princípios e de fé que afecta a integridade e a missão da Igreja. A interferência política que ele enfrenta é “um reflexo das pressões externas e internas” que ameaçam a autenticidade e a missão da Igreja Católica.

“Pedimos a todos que se unam em apoio ao Frei Lafim, promovendo um diálogo aberto e construtivo sobre as questões que ele levanta e assegurando que nossa Igreja continue a ser um farol de verdade, justiça e integridade. Como ensina a Escritura: “Nolite timere, ego vobiscum sum” (Mateus 28:20) – “Não tenhais medo, eu estou convosco”, termina.

Histórico de ameaças à membros proeminentes da Igreja Católica não é de hoje

Quando o terrorismo estava a devastar a província de Cabo Delgado e antes de qualquer chegada das tropas estrangeiras, nomeadamente, ruandesas e da SADC, havia um tom de intimidação sobre párocos que trabalhavam naquela província.

Luiz Fernando Lisboa, um padre da igreja católica, e que viveu vinte anos no país, foi uma voz incômoda, até receber ameaças de morte pelo regime de Maputo.

“Primeiro recebi ameaças de expulsão, depois de apreensão de documentos e no final de morte”, por parte do Governo, disse o brasileiro numa entrevista, após deixar o país.

“Maputo negou a guerra desde o início. Quando o conflito e o perigo se tornaram evidentes, o governo proibiu que se falasse sobre o assunto. Impediu que os jornalistas fizessem o seu trabalho. Um jornalista está desaparecido desde Abril do ano passado. Ele trabalhava para uma rádio comunitária e falava sobre a guerra. Na sua última mensagem, disse que tinha sido cercado pela polícia. A Igreja era a única que falava sobre a situação. E isso não agradava ao Governo. Acima de tudo, não tolerava que saíssem notícias sobre o estado. Orgulho nacional, negócios. Quando há um ano a Conferência Episcopal condenou o que estava a acontecer num documento, as autoridades reagiram mal, começando a denegrir a minha imagem”, explicou.

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