Japão doa equipamento de tratamento da água nos centros de reassentamento das vítimas do terrorismo

Os ataques terroristas em Cabo Delgado continuam um problema grave para o país, além de provocar luto e destruir infra-estruturas públicas e privadas, obrigam milhares de cidadãos a abandonarem as suas aldeias, para procurar abrigo em locais um pouco seguros dentro da província e outros em Nampula.

Nos Centros de Acolhimento, os deslocados internos por vezes recebem apoios em géneros alimentícios, vestuários e outros bens, faltando o bem precioso para a saúde, que é a água potável. Num passado não distante, os governadores de Cabo Delgado e de Nampula, Valge Tauabo e Manuel Rodrigues respectivamente, visitaram os centros de acolhimentos dos deslocados internos instalados no distrito e ofereceram diversos bens, mas a água potável continuou a ser uma das grandes preocupações.

Como forma de resolver o problema, o governo japonês doou quatro equipamentos para o tratamento da água denominadas ETA Móvel (estação de tratamento de água móvel), com capacidade de purificar cerca de 90 metros cúbicos por dia e abastecer água potável a 6000 pessoas, para os Centros de Acolhimento instalados em Cabo Delgado e Nampula, sendo duas em cada província.

Sem avançar o orçamento das viaturas equipadas de máquinas de tratamento de água, o Embaixador do Reino de Japão em Moçambique Keiji Hamada, disse estar satisfeito por doar os quatro veículos ao FIPAG. Para Hamada, os repetidos ataques de grupos armados desde 2017, levaram a decisão de doação dos veículos para fornecer água potável, que constitui a base de vida, às pessoas que foram forçadas a sair das suas casas e que vivem agora, em condições difíceis como pessoas deslocadas internamente.

“Esta decisão é uma medida importante que deve ser abordada com urgência, do ponto de vista de segurança humana e que contribui igualmente para garantir a paz e estabilidade, que é um dos três principais pilares da iniciativa do governo japonês para os Oceanos Índico e Pacífico livres e abertos”, disse o dirigente. “Na província de Cabo Delgado, o número de ataques do grupo terrorista continua a aumentar e a vida de muitas pessoas está ameaçada. O governo do Japão continuará não só a prestar assistência às pessoas deslocadas internamente, mas também apoiar na melhoria da segurança”, acrescentou.

Por sua vez, Victor Tauacale, director geral do Fundo de Investimento e Patrimônio para o Abastecimento de Água (FIPAG), expressou a sua gratidão, pelo gesto solidário e generoso do povo do Japão, por ser mais do que uma assistência humanitária, um símbolo de compromisso contínuo com o desenvolvimento comunitário, principalmente em fase de desafios enfrentados pelas comunidades, devido ao conflito terrorista em Cabo Delgado.

“É crucial reconhecer a importância desta parceria na melhoria das condições de vida e saúde das comunidades mais vulneráveis, especialmente as populações deslocadas de Cabo Delgado. A doação dos equipamentos é um passo no suporte emergencial e de sustentabilidade destas comunidades”, disse Tauacale. “A disponibilidade de água potável é essencial para o bem-estar e a saúde das populações e é com esse propósito que recebemos estes equipamentos de purificação de água, que na prática são estações móveis de tratamento do precioso líquido. Isto apenas representa uma contribuição material tangível, mas também, são testemunho da cooperação estratégica e histórica, entre os governos do Japão e de Moçambique”, acrescentou.

O director geral do FIPAG, disse ainda estar confiante que os equipamentos serão utilizados com eficiência e eficácia, para o propósito previsto, contribuindo para a melhoria significativa das condições de vida do público-alvo.

Para além das ETAs Móveis, o governo japonês, através da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), disponibilizou no ano passado, 25 milhões de dólares americanos para apoiar Moçambique na dinamização de investimentos que visam melhorar o abastecimento de água à cidade de Nampula, um valor que segundo Tauacale, o governo, através do FIPAG, vai implementar as obras de construção de 20 furos do líquido no bairro de Namiteca, onde decorrem outros investimentos tendentes a minorar a crise de água na urbe.

“Além disso, a área de desenvolvimento do capital humano é exemplificada pelas bolsas de estudo oferecidas aos nossos colaboradores pelo governo japonês, o que demonstra um compromisso mútuo com o fortalecimento institucional, e o crescimento sustentável da nossa instituição” disse o director.

Os ataques terroristas de Cabo Delgado estão também a criar retrocesso nos investimentos do Japão. A título de exemplo, os japoneses estavam a investir na construção de pontes sobre o Rio Messalo, mas por causa do terrorismo tiveram que abandonar. Segundo o embaixador, ainda não se sabe sobre a possível retoma das obras, isso porque o país, ainda está meio instável.