Sociedade
Morreu Fernando Veloso, a voz livre do jornalismo moçambicano

Morreu hoje em Portugal, aos 71 anos, Fernando Veloso (1954–2025), jornalista e director do semanário Canal de Moçambique, uma das mais emblemáticas publicações independentes do país. A notícia, inicialmente divulgada nas redes sociais, foi confirmada por fontes próximas e por cidadãos moçambicanos residentes em Portugal.
Veloso faleceu em Faro, cidade onde vivia há cerca de uma década, após anos de luta contra problemas de saúde que o afastaram fisicamente de Moçambique, mas nunca do jornalismo nem do seu compromisso com a liberdade de expressão.
O jornalista português Paulo Dentinho, seu amigo, escreveu nas redes sociais uma mensagem de despedida carregada de emoção: “Recordar um amigo, a minha forma de dizer adeus ao Fernando (…) abraço imenso a ti, amigo. Lá onde estás. Foi fantástico ter-te conhecido. Adeus, Fernando.”
Natural da Beira, Fernando Veloso foi uma das figuras mais marcantes da imprensa moçambicana das últimas décadas. Sob a sua direcção, o Canal de Moçambique consolidou-se como uma voz crítica, destemida e comprometida com o escrutínio do poder, mesmo diante de perseguições, intimidações e censura.
Reconhecido pela sua coragem e ética profissional, Veloso integrou uma geração de jornalistas que desafiaram os limites impostos ao jornalismo independente em Moçambique. A sua liderança no Canal de Moçambique foi decisiva para transformar o semanário num espaço de debate livre num país onde a liberdade de imprensa tem enfrentado obstáculos persistentes.
Veloso acreditava que o jornalismo devia servir a verdade e não o poder — uma convicção que norteou toda a sua carreira. O seu nome ficará ligado ao esforço de construir uma imprensa moçambicana crítica, profissional e comprometida com o interesse público. “Sempre resistente e esperançoso” — é assim que antigos colegas o descrevem.
A morte de Fernando Veloso representa uma perda irreparável para o jornalismo moçambicano. Em tempos de crescente repressão e desinformação, a sua vida e obra permanecem como uma luz— que lembra que o jornalismo só faz sentido quando serve a verdade e a liberdade