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Milhares em risco: EUA cortam medicamentos vitais para Moçambique

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Moçambique está entre os 23 países afectados pelo corte no fornecimento de medicamentos para HIV, malária e tuberculose, bem como material médico. A decisão, anunciada pela administração de Donald Trump, resulta da suspensão de ajuda da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), afectando milhões de vidas.

Segundo a publicação The Andelson Office of Public Policy (amfAR), Moçambique é o segundo país mais atingido no mundo pela ordem de suspensão dos programas do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR). O impacto é devastador:

– 25.932 pessoas deixarão de receber tratamento para HIV, incluindo 1.257 crianças.
– 28.746 testes de HIV deixarão de ser realizados diariamente, o que pode resultar em 744 novos casos não diagnosticados e 728 pessoas sem tratamento a tempo.
– Mulheres grávidas com HIV ficarão sem terapia, aumentando em 60 o número de crianças infectadas por dia.
– 180 sobreviventes diários de Violência Baseada no Género (VBG) perderão acesso a apoio essencial.
– 1.120 mulheres por dia deixarão de ter acesso ao rastreio do Cancro do Colo do Útero, impedindo o diagnóstico de 151 novos casos diários.
– 1.471 órfãos e crianças vulneráveis podem perder os cuidados fundamentais para a sua sobrevivência.

A suspensão abrupta está a desmantelar sistemas inteiros de saúde e agrava o risco de transmissão do HIV, segundo especialistas. Atul Gawande, Ex-Director de Saúde Global da USAID, classificou a medida como “catastrófica”, destacando que os medicamentos que mantêm 20 milhões de pessoas vivas serão interrompidos.

Desde terça-feira, fornecedores e parceiros da USAID começaram a receber notificações para “suspender imediatamente as suas actividades”, como parte de um congelamento mais amplo da ajuda externa dos EUA. Organizações como a Chemonics responsável pelo fornecimento de medicamentos em vários países, já foram instruídas a suspender a entrega de medicamentos, mesmo com produtos em Stock.

A medida não afecta apenas Moçambique, mas compromete a assistência a 6,5 milhões de órfãos e crianças vulneráveis ao HIV nos países afectados.

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O congelamento da ajuda externa, imposto por Trump desde a sua posse, suspende novos financiamentos para quase todos os programas de desenvolvimento, excepto ajuda alimentar e assistência militar a Israel e Egipto.

Enquanto isso, em Janeiro deste ano, os EUA anunciaram 435 mil euros para vítimas do ciclone Chido em Moçambique, que causou 120 mortes. Apesar desse apoio pontual, os cortes à saúde pública expõem milhões de pessoas a um perigo iminente.

Independente de ideologias, os números mostram que vidas estão em risco. Este não é apenas um problema diplomático ou financeiro – é uma questão de sobrevivência para milhares de moçambicanos.

Júlio Paulino

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