Internacional
Medvedev volta a ameaçar o Ocidente: “Devolveremos os corpos em caixões, em Paris e Londres”
O antigo Presidente da Rússia e actual vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, voltou a incendiar o cenário internacional com declarações inflamadas dirigidas ao Ocidente. Num tom provocatório e ameaçador, Medvedev disse estar “ansioso” que a França e o Reino Unido enviem tropas para combater na Ucrânia, prometendo “devolver os seus corpos em caixões, em Paris e Londres”.
“Eles fazem muitas reuniões para uma decisão tão pequena. Precisam de mais de 20 encontros para isto? É simples: tomem uma decisão e enviem os vossos homens, nós tratamos do resto. Tudo o que estiver destinado a explodir, explodirá. E todo aquele que estiver destinado a ser eliminado, desaparecerá”, declarou Medvedev, numa mensagem divulgada nas suas redes sociais.
As palavras do ex-presidente surgem num momento em que líderes europeus voltam a discutir, em fóruns diplomáticos e de defesa, a possibilidade de reforçar o apoio militar à Ucrânia — incluindo o envio de tropas para missões de treino ou apoio logístico. Apesar de a NATO ter reiterado que não pretende uma intervenção directa, alguns dirigentes, como o Presidente francês Emmanuel Macron, têm defendido que “todas as opções devem permanecer em cima da mesa”.
Discurso de intimidação
Desde o início da invasão da Ucrânia, em Fevereiro de 2022, Medvedev transformou-se numa das vozes mais beligerantes do Kremlin, adoptando um discurso marcadamente agressivo contra o Ocidente. Nos últimos meses, tem feito sucessivas ameaças de natureza nuclear e advertências sobre uma suposta “linha vermelha” que o Ocidente não deve ultrapassar.
Analistas internacionais consideram que o ex-presidente procura reforçar a narrativa de dissuasão de Moscovo, alimentando o clima de medo e incerteza entre os aliados da NATO. “Medvedev tem desempenhado o papel de mensageiro da retórica dura do Kremlin, servindo como instrumento de pressão psicológica”, observou o analista militar russo independente Pavel Luzin, citado pela BBC.
Reações na Europa
As declarações foram recebidas com preocupação e repúdio em várias capitais europeias. Fontes diplomáticas em Paris e Londres classificaram as palavras de Medvedev como “intoleráveis e irresponsáveis”, sublinhando que “a Rússia tenta intimidar, mas a Europa não cederá à chantagem”.
Em Bruxelas, altos responsáveis da União Europeia destacaram que o discurso do ex-presidente russo representa “uma escalada verbal perigosa”, num contexto já tenso devido aos recentes ataques russos contra infraestruturas energéticas ucranianas.
“É mais um sinal de que Moscovo continua a apostar na retórica do medo em vez da diplomacia”, declarou um diplomata europeu sob anonimato.
Contexto de tensão crescente
As ameaças de Medvedev surgem poucos dias depois de o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, ter acusado o Ocidente de “prolongar a guerra” ao continuar a enviar armamento sofisticado para Kiev. Moscovo tem interpretado cada novo pacote de ajuda militar como uma “provocação directa”.
Entretanto, no terreno, as forças russas intensificaram os bombardeamentos na região de Kharkiv, enquanto a Ucrânia tenta resistir à pressão com recursos cada vez mais limitados. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem apelado ao aumento do apoio internacional, alertando que “a hesitação europeia custa vidas todos os dias”.
Medvedev, o rosto do radicalismo no Kremlin
Dmitry Medvedev, que foi presidente entre 2008 e 2012 e primeiro-ministro entre 2012 e 2020, era visto no passado como uma figura moderada e pró-reforma. Contudo, desde o início da guerra na Ucrânia, tornou-se um dos rostos mais duros do regime, assumindo publicamente posições ultranacionalistas.
Nos seus discursos e publicações, tem frequentemente insinuado que o confronto com o Ocidente poderá evoluir para um conflito nuclear, uma postura que reforça a imagem da Rússia como potência imprevisível.
Contexto adicional:
As declarações de Medvedev foram amplamente difundidas nos canais oficiais e redes sociais russas, somando milhares de partilhas e comentários. Para observadores internacionais, trata-se de mais um episódio de guerra psicológica — uma estratégia para testar os limites da paciência e coesão dos aliados ocidentais.