Sociedade
Transportadores de Namicopo “mandam passear” as autoridades e definem novo preço do “chapa 100”

Numa altura em que os transportadores urbanos de pessoas e bens na cidade de Nampula lutam a todo custo para aumentar a tarifa de “chapa 100” a nível da urbe por causa dos custos de combustíveis e acessórios que são elevados, os operadores de Namicopo fizeram algo diferente, mostrando mais uma vez, pertencerem a “uma república à parte com regras próprias”.
Desde a semana passada, os chapeiros que operam na rota Namicopo até ao centro da cidade, baixaram o preço do transporte para cinco meticais. Segundo alguns entrevistados, a situação tem como causa a disputa de passageiros que envolve os moto-taxistas e os transportadores dos semicolectivos, vulgo “chapeiros” daquela rota.
Para estes, durante a altura em que o “chapa” custava 10 meticais para Namicopo, foi acordado que os taxistas tinham que praticar o preço de 20 meticais por cliente, mas depois de um tempo, muitos operadores de táxi-mota passaram a carregar passageiros por 10 meticais, deixando os chapeiros sem clientes. “Os taxistas de motas vinham em frente dos nossos carros e chamavam clientes e cobravam, 10 meticais cada, o mesmo valor dos chapeiros e por causa da rapidez e o preço, os clientes preferiam descer do chapa e viajar de mota deixando os chapeiros sem clientes”, disse um transportador. “A situação se alastrou por muito tempo e os chapeiros começaram a perder muito, daí que para evitar isso, preferiram baixar o preço para cinco meticais”, acrescentou.
Para os chapeiros, a redução dos valores de 10 para cinco meticais, foi movida pela falta de clientes, uma vez que por dia, era normal fazer apenas cinco voltas no máximo e ficavam sem lucros. “Não estamos felizes com esta decisão, só que foi a única alternativa que vimos como viável porque estávamos a sofrer muito, não conseguíamos nada para casa. Estes cinco meticais não são grande coisa, mas vão ajudar”, disse outro operador. “Nós combinámos com estes taxistas para fazerem a 20 meticais e o chapa custar 10. Por algum tempo convivemos com isso em harmonia, mas nos últimos meses começaram a cobrar 10 meticais e nós ficamos sem clientes”, disse um cobrador de chapa.
Passageiro sai a ganhar
Com a luta instalada, o cidadão é que sai a ganhar, pois com o agravamento de preços dos serviços e produtos, ter o chapa a cinco meticais, facilita a vida do pacato cidadão. Marta Ussene vive na zona do Posto Administrativo de Namicopo e nos dias úteis da semana vende maçaroca cozida na cidade. Antes, para levar a sua mercadoria, gastava 20 meticais de ida, mas com o preço de chapa reduzido diz ser possível fazer-se ao trabalho pagando apenas dez maticais de ida e volta.
“Eu vendo maçaroca cozida na cidade e como levo em uma grande quantidade para pelo menos conseguir algo para comer com meus filhos, não consigo carregar na cabeça até a cidade, para depois ir passear por quase todas ruas com o peso, por isso prefiro subir chapa”, contou a mulher. “Antigamente gastava 20 meticais só de ida e se não conseguir acabar, tinha que gastar mais 20 de regresso, mas com a redução do preço de chapa, mesmo subindo o carro para ida e volta, gasto apenas 20 meticais e o meu lucro cresce um pouco” disse a dona Marta.
A outra satisfação veio de Amede Assane, trabalhador numa das lojas da zona cimento, que conta que diariamente, também era sujeito a gastar 40 meticais, principalmente nos dias que não tinha dinheiro para comprar comida preparada para o almoço, mas agora só gasta 20 meticais, metade daquilo que era antes. “Esta situação veio para salvar as nossas vidas, pois algo está a melhorar”, comentou.
Ninguém impõe regras em Namicopo
Com a asfaltagem da Rua Dom Manuel Vieira Pinto, que liga o Posto Administrativo de Namicopo e o centro da cidade entre 2004/2005, a tarifa de chapas do bairro para o mercado Waresta, era de 5 meticais. Devido a pressão do aumento do preço do combustível e do custo de manutenção das viaturas, a Assembleia Municipal, durante a gestão autárquica do malogrado Mahamudo Amurane, aprovou a tarifa de 10 meticais, com pontos intermediários de 5 meticais.
Assim, os chapas de Namicopo teriam como ponto intermédio, a Padaria Nampula, mas os opera[1]dores preferiram cortar a rota para Waresta visando terminar apenas na zona da Padaria Nampula. Na altura, houve muitas tentativas do presidente Amurane e o seu governo para colocar os “namicopoenses” na linha, mas foi sem sucesso. e o edil perdeu a batalha O chapa 100 em Namicopo continuou a custar 5 meticais, mas só até a Padaria Nampula, facto que aconteceu até 2023, altura em que o edil Paulo Vahanle rejeitou aprovar a tarifa de 15 meticais proposta pelos transportadores e os chapeiros, entraram em greve e ficaram dias sem circular na cidade.