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Cultura

Nas comunidades: Ritos de iniciação aumentam Violência Baseada no Género

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Ritos de iniciação é uma das práticas comuns e antigas das populações residentes nas zonas rurais e serve de ligação entre a fase inicial à vida adulta. Actualmente, esta prática já está a criar impactos negativos nas comunidades, principalmente para a camada feminina, porque para além de educar as raparigas para saberem se posicionar nas várias frentes da vida, incentiva-as adoptar comportamentos desviantes que singe na implementação precoce das mensagens difundidas pelas pessoas adultas e experientes no processo de iniciação. 

Em Moçambique estima-se que 52% das raparigas com idades não superior a 18 anos, casaram-se precocemente, resultante de vários factores, com destaque para ritos de iniciação e pobreza, sendo que a região norte do país continua na lista das com mais casos de casamentos prematuros segundo se reporta. 

A prática dos ritos de iniciação tem sido recorrente nos meses de Novembro e Dezembro de cada ano, para permitir que as crianças sejam ensinadas as regras da vida, sem no entanto, interferir o processo de ensino e aprendizagem.

Depois de serem submetidas aos ritos de iniciação, o grosso número de raparigas tem desistido da escola para se dedicar a vida adulta, particularmente, para cuidar o lar e os filhos, facto que viola o direito à educação, culminando com o aumento dos índices de analfabetismo que faz com que inúmeras mulheres ainda continuem a sofrer de Violência Baseada no Género (VBG) porque não tem coragem de denunciar os casos às autoridades policiais para minimizar as atitudes dos seus cônjuges por alegadamente temerem perder os seus lares.

Especialistas em assuntos sociais entendem que a falta de conhecimento sobre as implicações decorrente da prática dos ritos de iniciação nas comunidades, leva com que os praticantes induzam às crianças ao tropeço, aumentando desta forma os índices de pobreza no país, apesar das mensagens de sensibilização às comunidades levadas a cabo pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) para a prevenção destes males que minam o crescimento físico e psicológico das raparigas.

O sociólogo Ivo Saide referiu que, apesar de os ritos de iniciação serem uma prática reiterada, compromete o futuro das crianças, porque as madrinhas transmitem mensagens que incentivam a própria rapariga a abraçar a vida adulta, razão pela qual, assiste-se com frequência os casamentos prematuros que resultam nalgumas vezes, em gravidezes precoces.

“Quando as crianças principalmente a camada feminina são submetidas aos ritos de iniciação elas aprendem muita coisa para depois implementar nas comunidades, isso contribui para a ocorrência de Violência Baseada no Género, (VBG) porque casam-se cedo e sem ideias para fazer face as exigências da vida adulta”, frisou.

Ivo Saide responsabiliza aos pais e encarregados de educação por não prestarem a devida atenção às suas filhas ao manda-las aos ritos de iniciação na tenra idade. “Os culpados são os pais e encarregados de educação porque mandam as crianças sem atingir uma idade normal e quando elas voltam, começam a manifestar atitudes más e isso tem gerado desavenças que culminam com o abandono das crianças nas casas dos progenitores ”, revelou.

O sociólogo, entende que a  idade para submeter as raparigas e/ou rapaz ao processo de iniciação deveria ser de 18 anos para a camada feminina e 15 para masculina, visto que, eles já têm noção de distinguir o bem e o mal. “As madrinhas estão a transmitir todas as informações adultas às crianças. Nos tempos idos,  as raparigas, eram submetidas em duas fases, sendo a primeira para a sua higiene e a segunda para vida adulta, mas o que assistimos nos dias actuais, é uma mistura de conteúdos”, revelou.

A fonte aconselha as populações a abdicarem de algumas práticas costumeiras que atentam contra a moral e convivência pacífica nas comunidades de que estão inseridas. “Não seria escandalosa a extinção dos ritos de iniciação porque nos últimos dias virou um campo para se ter rendimentos. Assistimos com frequência a venda de capulana por parte das famílias, ao invés de se preocupar com a educação das raparigas ”, rematou.

Quem também comunga das mesmas ideias é o activista Carlos Alberto, que diz estar constrangido e preocupado com a escalada de Violência Baseada no Género que se tem verificado nos últimos dias nas comunidades. “O que temos vindo a assistir nas comunidades é uma situação constrangedora. Há tanta violência que nalgumas vezes resulta em divórcios massivos. Agora não há espírito de irmandade, cada qual quer viver as suas ordens”, disse. 

Alberto entende que os ritos de iniciação contribui significativamente para a degradação dos valores morais nas comunidades porque as pessoas envolvidas não ensinam o bem colectivo. Adiante, o nosso interlocutor diz ser primordial o envolvimento de todos estratos sociais na sensibilização às comunidades para o combate de todo tipo de violência para o bem comum. 

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