Silva Livone manda “recolher” automobilistas sem carta de condução

A condução ilegal acaba de entrar na mira das autoridades no Niassa. Depois de conhecer números alarmantes de acidentes rodoviários, o Secretário de Estado provincial, Silva Livone, ordenou uma operação de fiscalização apertada para tirar das estradas todos os condutores sem carta de condução.

Os dados são dramáticos. Só nos primeiros nove meses deste ano, o Hospital Provincial de Lichinga atendeu 6.728 vítimas de acidentes de viação, das quais 2.244 eram menores de idade. No mesmo período, 39 pessoas morreram, incluindo nove crianças.

Indignado com o cenário, Livone não poupou palavras. “Não podemos permitir que pessoas morram por irresponsabilidade de alguns”, afirmou na semana finda, durante um encontro com a Polícia de Trânsito. A sua orientação foi clara: “recolher” todos os automobilistas sem carta e responsabilizá-los criminalmente.

Mas o problema vai além da condução ilegal. O Secretário de Estado denunciou esquemas de corrupção ligados à venda de cartas de condução, alegadamente envolvendo alguns sectores que tutelam o pelouro. “Há pessoas que nunca foram à escola de condução, não conhecem o código de estrada, mas têm carta profissional”, acusou.

O fenómeno dos táxi-motas — que se multiplicam em Lichinga e nos distritos — também está a contribuir para a sinistralidade rodoviária. Muitos destes motociclistas circulam sem licença, sem capacete e sem noção das regras básicas de trânsito. Para este grupo, Livone recomendou aos governos distritais e autarquias que apenas licenciem operadores com formação e domínio das normas de condução.

Além da repressão aos infractores, o governante lançou um apelo duro contra a corrupção nas estradas, que considera “um dos maiores entraves à segurança rodoviária”. “A corrupção mata. E enquanto houver esquemas e complacência, as estradas continuarão a ser cemitérios”, concluiu.

Com a nova ofensiva, o Niassa entra numa fase de tolerância zero contra a condução ilegal — um fenómeno que, há anos, tira vidas, destrói famílias e mina a confiança nas instituições que deviam garantir segurança nas vias.