Política
Giquira diz receber 15 chamadas por dia sobre corrupção envolvendo fiscais do município

Há pouco mais de um mês, desde que Luís Giquira tomou posse como edil de Nampula, a capacidade de gestão do autarca tem estado a ser testada, com actuação pecaminosa dos fiscais e agentes da polícia municipal que vezes sem conta se envolvem em actos de corrupção.
NGANI apurou que desde que tomou posse no dia 7 de Fevereiro do ano em curso, como presidente do Conselho Autárquico de Nampula, Giquirito como carinhosamente é tratado nos círculos nampulenses, tem vindo a receber denúncias contra os fiscais de carga e descarga, Promoção Económica, Urbanização, Rodoviários e a Polícia Municipal, que se envolvem em “boladas”, cujo grosso número das vítimas tem sido os agentes económicos.
Giquira que no seu discurso de tomada de posse mostrou ser implacável contra a corrupção, diz estar a receber 15 chamadas diárias de alguns empresários do sector comercial, saturados com os esquemas de corrupção que ganharam terreno no sector de fiscalização. Estes acontecimentos forçaram a edilidade a manter um encontro relâmpago com os suspeitos para se inteirar da situação e instaurar processos crimes contra os envolvidos em esquemas de corrupção.
Através de um vídeo amador, que NGANI teve acesso, Giquira começou por criticar a postura dos fiscais e agentes da polícia municipal que ao invés de trabalharem para o bem colectivo, desdobram-se em saciar os seus bolsos, contribuindo deste modo para a fraca colecta de receitas para os cofres do município.
“Recebo 15 chamadas por dia, de empresários que estão cansados da vossa postura. Como é do vosso conhecimento, eu sou empresário e venho da classe empresarial de Nampula e não fica bem estarmos a receber chamadas de colegas a reclamar do vosso comportamento”, advertiu Giquira.
O edil revelou que alguns funcionários do Conselho Autárquico de Nampula continuam a depender das cobranças de receitas para auferirem os seus ordenados mensais e acrescentou que, tal só é concretizada mediante ao cumprimento rigoroso do código de postura municipal. Para além do pagamento de salários aos funcionários, Guiquirito, informou ainda que, a receita proveniente das cobranças de impostos e taxas nos estabelecimentos comerciais, serve igualmente para a melhoria do saneamento do meio, vias de acesso entre outras necessidades primárias.
“As actividades que temos vindo a realizar neste momento, para o bem dos munícipes dependem exclusivamente de vocês, falo concretamente de recolha de lixo, tapamento de buracos e melhoramento dos centros de saúde e quando vocês se envolvem em actos de corrupção nos deixam sem planos concretos para a execução das nossas tarefas”, frisou o dirigente, visivelmente com cara de poucos amigos.
Giquirito esticou o seu espírito de insatisfação contra os fiscais e diz que, a receita cobrada decorrente do primeiro mês da sua governação deixa a desejar e não vai além das expectativas para os próximos cinco anos, a avaliar pelas potencialidades que a cidade de Nampula dispõe.
“Estamos há um mês de governação e não estou satisfeito com a nossa receita, esta cidade tem um potencial muito grande e a nossa receita não aumenta devido a atitudes de alguns colegas nossos”, sublinhou Giquira sem revelar, no entanto, o montante arrecadado no primeiro mês da sua governação.
O terceiro autarca da Frelimo, no município de Nampula, desde a introdução das eleições autárquicas, em 1999, voltou a jurar de pés juntos que não vai permitir que a corrupção seja um entrave para o sucesso da sua governação. “Eu não vou tolerar actos de corrupção. Quem não estiver com vontade de trabalhar em colectivo ou individual aconselho a colocar o lugar a disposição, porque tem tanta gente que precisa de emprego”, avisou.
A corrupção no município de Nampula é um velho problema e sem soluções a vista. Em uma das suas edições, NGANI reportou o envolvimento de fiscais em actos de corrupção contra os camionistas que circulam nas estradas proibidas para este tipo de veículos, condicionando a circulação de veículos, pessoas e bem.
Na altura, a cidade esteve sob gestão de Paulo Vahanle da Renamo, que tentou sem sucesso acabar com os desmandos dos fiscais e da polícia camarária que se mostravam apáticos para estancar a problemática dos famosos encurtamentos de rotas que nos dias que correm tendem a ganhar proporções alarmantes, porque os chapeiros chegam a cobrar 30 meticais contra os estipulados 10 meticais.