Política
Paulo Vahanle suspeito de vender infraestruturas públicas do município de Nampula

Cerca de dois meses depois da entrega das pastas ao novo executivo liderado por Luís Giquira, no município de Nampula, existem indícios da venda de infraestruturas públicas do Conselho Autárquico de Nampula, por parte do elenco cessante liderado por Paulo Vahanle, num esquema descrito como ilegal.
De acordo com informações apuradas por NGANI, trata-se do histórico edifício da Assembleia Municipal onde funciona o Departamento de Construção e Urbanização, Balcão de Atendimento Único Municipal, localizados no prolongamento da Avenida Eduardo Mondlane, assim como o edifício onde actualmente funciona o departamento de Polícia Municipal e Fiscalização.
Membros da Assembleia municipal do último mandato que tinha a RENAMO como maioria, informaram ao NGANI que a venda das mencionadas infraestruturas nunca foi objecto de debate nas sessões daquele órgão, situação que levanta suspeitas de que o caso esteja associado a um esquema de corrupção e nepotismo por parte de Vahanle.
“Tomamos conhecimento e de forma surpreendente que se venderam os imóveis durante a entrega das pastas e nós como éramos os membros que aprovavam as leis e deliberações, nunca fomos informados e nenhuma proposta a propósito, o executivo apresentou ao nosso órgão”, revelou a fonte.
Menuel Chichoci, outro membro da assembleia municipal, lamentou a atitude do executivo cessante. “Acompanhamos nos bastidores e por via da imprensa sobre o projecto de construção de novas instalações da Assembleia Municipal, Polícia Camararia e Fiscalização entre outras áreas, numa das zonas de expansão, concretamente para quem vai à Moma e Angoche”, disse Chichochi. “A proposta ou qualquer informação sobre o assunto, nunca passou ao conhecimento dos membros do órgão deliberativo, ou por outra, não se sabe se as mencionadas obras tiveram adjudicação directa ou por concurso público. E nem sabemos dos valores envolvidos no processo, espero que isso mereça uma investigação séria”, acrescentou.
Falando ao NGANI, o actual chefe do Gabinete do Conselho Autárquico de Nampula, Orlando Munhaque, disse desconhecer o ponto de situação do negócio, uma vez que ainda se está em processo de verificação do termo de entrega dos bens do município, que na sua página 27 arrola todos os imóveis da edilidade.
“O presidente ainda está a arrumar a casa e aos poucos vai verificando o que existe ou não. Caso notarmos irregularidades, seguiremos para os procedimentos legais. Como pode ver, o novo edil ainda não assinou o referido termo de entrega. Na devida altura iremos nos pronunciar sobre o assunto”, explicou Munhaque.
NGANI apurou ainda que os edifícios foram adquiridos por um cidadão oriundo da região dos grandes lagos. Em caso de se confirmar a versão de que o negócio foi ilegal, aventa-se a hipótese de o processo de compra e venda ser cancelado e os prejuízos recairão ao cliente. Além da suspeita da venda dos edifícios, consta que com a saída de Vahanle e seus acólitos, sumiram também dois computadores alocados à Assembleia Municipal.