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Sociedade

Governo de Marrupa acusado de desleixo e corrupção na abertura de fontenários públicos

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As populações de Marrupa, no extremo Centro-Leste do Niassa, estão categoricamente a acusar o Governo do distrito de desleixo e corrupção na abertura de fontenários, sobretudo em zonas consideradas como recônditas.

De acordo com dados colhidos por NGANI entre os dias 28 e 29 de Fevereiro, respectivamente, no Posto Administrativo de Tumpuè, e em Charate, os residentes revelaram que a escassez do precioso líquido é gravíssima que, entretanto, não é visível a resposta de quem de direito para pôr fim o problema.

Em Tumpuè, a 15 quilómetros ao nordeste da sede do distrito de Marrupa, Amido Metárica, idoso, referiu que diariamente bebem água dos pântanos, suja e imprópria para o consumo humano porque se vive o problema de inoperacionalidade de fontenárias avariadas há sensivelmente três anos, uma delas que se encontrava no centro de saúde local e outra próximo ao escritório da sede deste Posto Administrativo.

Metárica avançou que devido a situação, avisos há que foram encaminhados ao Governo para sua resolução, mas nenhuma resposta satisfatória apareceu, mesmo quando a população se depara com doenças de origem hídrica.

O cidadão Faustino Rachide disse que das várias preocupações, em Tumpuè, a primeira é sobre a falta de água, sabido que ela é fundamental na vida dos seres vivos, não só ao Homem, mesmo às árvores, pois todos necessitam da mesma e a que se tem está sendo compartilhada com os animais bravios, sobretudo porcos, macacos ou elefantes e consequentemente se têm mais em comum casos das diarreias ou vómitos, além das dores constantes ou fortes de estômago.

 “A água é muito crucial. Temos duas fontes que já não funcionam há sensivelmente três anos e nunca tiveram manutenção. Estão ali todas estagnadas e a outra fonte não é uma questão de avaria tão grave, não. Mas, não sei se é desleixo da liderança que não consegue olhar pela situação. Gostaríamos que abrangessem mais os poços para, como exemplo de alguns distritos que têm fontes no recinto escolar. É diferente daqui, não tem. Nunca tiveram opção”, afirmou Rachide.

Porque o problema decorre há sensivelmente três anos, o nosso entrevistado revelou igualmente que já houve um encontro na região e o responsável do distrito havia prometido que traria uma equipa para abertura de novas fontes de água. Posteriormente, a mesma apareceu, tentou circular em todo território e simplesmente disseram que não encontraram nenhum sítio com um lençol freático e que só se deparavam com pedras.

“Isso é impossível porque nós consumimos essas águas negras e depois ter que aparecer com máquinas e dizer que não tem nenhum sítio que possa abrir-se poço parece ser um pouco enganoso para nós como população daqui e nos sentimos ofendidos também. Doeu-nos mesmo bastante”, disse. “Até então estamos só, aguardando, talvez, já que se avizinham essas eleições, podemos receber como uma propaganda para podermos irmos em massa e eles atingirem os seus objectivos e nós continuarmos assim”, acrescentou.

O residente Isaías Armando pediu ao Governo para que traga água porque não há acesso e ele pessoalmente tem encarrado um considerável sofrimento. “O Governo só promete que faremos, faremos, mas até agora ainda nem cumpre. Começaram em 2021 até hoje. Assim, desperta-nos que o Governo não se interessa em água para nós. A água está a dar muita falta aqui. Bebemos a água dos rios. É preocupante”, palavras de Isaías Armando.

Em Charate, há mais de 20 quilómetros, a sudeste da vila sede de Marrupa, Curimpa Saide, disse que o que inquieta bastante a população da zona é o não acesso à água, há muito tempo, apesar de no ano passado terem vindo técnicos com equipamentos para abertura de fontenários, mas que, até ao final do dia, nada tinha sido feito, até que eles, com suas máquinas voltaram e, por engano, prometeram que viriam mais o que, até ao dia da entrevista (29/02/24) estiveram sem resposta, passando a beber ainda a água dos rios.

“Viremos, até hoje sem resposta. É assim que bebemos ainda a água dos rios. Onde buscamos água para o consumo é onde também temos tomado banho. Recorremos a água do rio Nipindji, mesmo os animais consomem a mesma água. Enquanto nós saímos os macacos vêm também servi-la”, informou Saide.

Segundo Silmino Jardene, Régulo de Charate, os profissionais do sector planeavam abrir as fontenárias e que nunca mais voltaram, eles andaram a questionar se a população tinha dinheiro para o efeito, ou seja, o pagamento do processo que viria a beneficiar os residentes desta zona tida como recôndita.

“Questionámo-nos: onde tiraremos o dinheiro para eles? Disseram que voltaremos. Daí, até hoje, nunca mais vieram. Nós ficamos assim. Animais aqui e nós aqui a rebolarmos. Para a fontenária dizem que criem condições e nós viremos abri-la”, lamentou o Líder Comunitário.

A idosa Rosalina Chibuana disse também estar aflita. “Nós, como idosos, gostaríamos também de consumir água apropriada. A água encontra-se distante para servirmos aqui. O Governo devia trazer água para nós e confirmaríamos que estamos a ser acolhidos pelo Estado”, disse a mulher.

Em reacção aos factos, a Administradora do Distrito de Marrupa, Isabel Jamisse, disse ao NGANI na tarde de última quinta-feira (29/02) em Marrupa-sede, que sem contabilizar com o município, na região há cerca de 142 fontes de água, das quais 135 estão operacionais até ao momento e está-se a trabalhar para intervir nas remanescentes sete já avariadas. De momento existe uma cobertura de 41 por cento.

As fontes avariadas estão em Prislane, uma em Teleue e Tumpuè o que, segundo a administradora distrital, as populações dessas zonas têm alternativas. A versão da dirigente contraria o que NGANI apurou no terreno junto dos residentes que reiteraram que recorrem e consomem a água imprópria a partir dos rios, disputando com os animais bravios. “Eles têm alternativas. Em cada comunidade tem vários furos que nós colocamos há uma certa distância que é para permitir que a população circunvizinha possa tirar a água num furo e a outra noutro furo. No ano passado, em Pringilane, colocamos lá dois furos de água novos”, justificou.

Em 2023 construiu-se 10 furos de abastecimento de água, sendo nove através do Conselho Executivo Provincial (CEP), nos povoados de Mucuaiaia II, Nagir e Nungo, Iaranca, Pringilane, Sovares, Mpamela, Namuanga e Mutaparatao Único foi erguido no Posto Administrativo de Marangira, precisamente em Cumela, através Organização Internacional das Migrações (OIM).

Sobre Tumpuè, onde o Governo é acusado de desleixo para resolver o problema de falta de fontenários avariadas ou na abertura de novas, a administradora não teceu comentários. Sobre Charate, em que também há acusação da existência de indivíduos que estão a cobrar valores monetários a população para abertura de fontenários, demonstrando, assim, a prática de corrupção, Jamisse disse não ter recebido essa informação porque quando se abrem os furos, a empresa adjudicada tem feito a prospecção para determinar onde irá ocorrer o trabalho e faz a entrega.

“Não temos informação de que houve uma empresa de consultoria ou seja, um empreiteiro que tenha feito esse trabalho. Mas, queremos aqui agradecer pela denúncia e vamos trabalhar para averiguar e tomar medidas cabíveis para esta situação”, assegurou a chefe do Governo Distrital de Marrupa.

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