Sociedade
O hospital que nunca chega – Uma história de propostas e adiamentos

Nos últimos tempos, a construção do polêmico Hospital Geral de Nampula (HGN) tornou-se uma vitrina para os dirigentes da Frelimo, onde cada um busca sair bem na fotografia. Na verdade, poucos membros do governo anterior liderado por Filipe Nyusi ficaram de fora, sempre garantindo que o hospital seria a segunda maior unidade sanitária da província de Nampula
Os governantes cessantes, como o primeiro-ministro Adriano Maleiane, o antigo ministro da Saúde Armindo Tiago, o ex-governador de Nampula, Manuel Rodrigues, e o então secretário de Estado, Jaime Neto, não hesitaram em prometer à população de Nampula um hospital que aliviaria a pressão sobre os serviços do Hospital Central de Nampula. Adriano Maleiane e Armindo Tiago, figuras-chave no governo de Filipe Nyusi, garantiram diversas vezes que o hospital seria entregue à população no ano passado. Segundo eles, o governo precisava de 700 milhões de meticais para finalizar as obras.
Outro factor que contribuiu para os sucessivos adiamentos foi o abandono do primeiro empreiteiro, a CETA-Engenharia e Construção, devido à acumulação de dívidas. A primeira pedra da construção foi lançada em 2017, com a previsão de entrega em 2019, mas, desde então, as promessas permanecem inacabadas. Após o abandono do empreiteiro inicial, as obras foram retomadas em 2020 por uma nova empresa, que as executou a 98%. Actualmente, as obras estão praticamente concluídas, faltando apenas alguns detalhes, tanto internos quanto externos.
Novo governo, novas promessas
Após a formação do novo governo, resultante das eleições gerais amplamente contestadas, e da onda de manifestações populares, novas promessas surgiram.
Na semana passada, o actual secretário de Estado de Nampula, Plácido Nerino Pereira, visitou as obras e novamente garantiu que o polêmico Hospital Geral de Nampula será entregue no mês de Agosto. No entanto, ele afirmou que ainda há questões burocráticas relacionadas ao pagam empreiteiro, que estão atrasando o progresso. “Como se sabe, o trabalho continua, mas de forma reduzida devido a essas questões burocráticas. Como disse, este é um projecto de nível central e os assuntos estão sendo geridos a partir de lá, mas muito em breve isso será resolvido”, minimizou Pereira.
O secretário de Estado, nomeado por Daniel Chapo, afirmou que fará pressão nas estruturas centrais para garantir que o prazo marcado não seja alterado.
“Prometemos entregar as obras em agosto, e não em março, como estava inicialmente previsto. Vamos pressionar para que as datas que estabelecemos sejam cumpridas”, disse Pereira.
O dirigente explicou que a pressão será necessária, já que a população da província de Nampula cresceu significativamente nos últimos dois anos, passando de 6 milhões para 7,5 milhões de habitantes. “Como se pode ver, o Hospital Central de Nampula foi construído nas décadas de 60 e 70. A cada ano, a população da nossa província cresce de forma acelerada, e como governantes, somos obrigados a responder a essa demanda”, afirmou.
Pereira ainda destacou que o Hospital Central de Nampula não atende apenas a população da província, mas também de outras regiões do norte do país, incluindo a Zambézia, no centro.
“O que queremos é concluir rapidamente este Hospital Geral para aliviar a sobrecarga do Hospital Central de Nampula, que recebe pacientes de outras províncias, como Niassa, Cabo Delgado e Zambézia. Vale lembrar que o Hospital Geral de Nampula terá capacidade para 350 camas e será equipado com tecnologia de ponta para atender às necessidades actuais.”
Por Agostinho Miguel