Programa Global para a Agricultura desbloqueia 200 milhões de dólares para impulsionar a segurança alimentar em África

O Programa Global para a Agricultura e a Segurança Alimentar (GAFSP) anunciou a primeira alocação da sua nova janela de financiamento do sector privado ao Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), no valor de 14 milhões de dólares em capital de redução de risco.

O objectivo é claro: mobilizar até 200 milhões de dólares do sector privado para fortalecer a segurança alimentar em países africanos de baixo rendimento. O GAFSP fornece apoio financeiro e técnico — incluindo subvenções, financiamento concessional, assistência técnica e consultoria — aos países mais pobres do mundo, ajudando a impulsionar toda a cadeia de valor agrícola.

A nova Business Investment Financing Track, lançada em 2024, representa a segunda geração de financiamento do sector privado do programa. Ela combina subvenções e empréstimos concessionais com o financiamento de bancos multilaterais de desenvolvimento, de modo a atrair investimento privado para pequenos agricultores, grupos de produtores, agronegócios e startups rurais.

Fundo de 200 milhões para reduzir riscos e atrair crédito agrícola

A primeira alocação será usada para criar o Mecanismo de Partilha de Riscos para Insumos Agrícolas, um fundo de 200 milhões de dólares administrado pelo Banco Africano de Desenvolvimento.

Deste total, 10 milhões de dólares serão aplicados em capital de mitigação de risco, enquanto 4 milhões de dólares financiarão assistência técnica para catalisar até 200 milhões de dólares em empréstimos do setor privado para pequenas e médias empresas agrícolas na Etiópia, Uganda, Tanzânia, Maláui e Zâmbia.

O mecanismo pretende incentivar bancos locais a conceder crédito a fornecedores e comerciantes de insumos agrícolas — um sector onde o risco elevado tem afastado investidores e instituições financeiras.

Quebrar o ciclo de risco e exclusão

Pequenos agricultores e empresas agroalimentares em países frágeis continuam a enfrentar grandes barreiras de acesso ao crédito, seguros e capital de investimento.

O novo mecanismo, a ser implementado pela Seguradora Africana de Desenvolvimento do Comércio e Investimento, visa colmatar essa lacuna através da emissão de garantias a instituições financeiras, encorajando os bancos comerciais a emprestar a um setor frequentemente marginalizado.

“Esta primeira alocação demonstra o interesse dos financiadores em trabalhar em conjunto neste novo modelo para resolver um desafio antigo: o risco no financiamento agrícola”, afirmou Natasha Hayward, gestora do Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar. “Ao combinar fundos dos doadores do GAFSP com financiamento multilateral e comercial, cada dólar do programa multiplica o impacto e fortalece a resiliência dos sistemas alimentares face às alterações climáticas”, acrescentou.

Impacto directo em milhões de agricultores

O financiamento permitirá expandir o acesso a sementes certificadas, fertilizantes orgânicos, melhoradores de solo, mecanização e outros insumos essenciais — elementos-chave para ajudar as explorações agrícolas a resistirem ao calor extremo, à escassez de água e a choques climáticos.

Espera-se que o programa beneficie mais de 1,5 milhões de pequenos agricultores e cerca de 500 comerciantes agrícolas e cooperativas, fortalecendo toda a cadeia de valor — do fornecimento de insumos ao acesso ao mercado.

“Ao apoiar comerciantes e pequenos produtores, este mecanismo fortalece toda a cadeia de abastecimento e contribui para a construção de sistemas alimentares mais resilientes”, sublinhou Philip Boahen, Coordenador do GAFSP no Banco Africano de Desenvolvimento. “Com o Mecanismo de Partilha de Riscos, estamos literalmente a plantar as sementes de uma África mais segura e alimentarmente soberana.”

Esta primeira atribuição está em linha com os compromissos africanos para transformar os sistemas alimentares, nomeadamente o Programa Abrangente de Desenvolvimento Agrícola Africano (CAADP) e a Declaração de Kampala sobre a aceleração da implementação da transformação alimentar no continente.