Eleições Gerais 2024
Eleição Fraudada: Bispos católicos condenam enchimento de urnas

Um crescente consenso se forma em torno das alegações de fraude nas eleições de 9 de Outubro, com críticos apontando que os resultados divulgados pelas Comissões Provinciais de Eleições não refletem a verdadeira vontade do povo. Neste contexto, aumenta a pressão por uma reavaliação do processo eleitoral.
Os únicos que parecem acreditar nos resultados são a Frelimo e as autoridades eleitorais. Entre os críticos, destacam-se os Bispos Católicos de Moçambique, que, em um comunicado divulgado esta terça-feira, afirmaram que as eleições foram marcadas por fraudes e questionaram a capacidade dos órgãos eleitorais de certificar os resultados.
“Infelizmente, mais uma vez, constatamos fraudes grosseiras, incluindo enchimento de urnas, editais forjados e diversas outras formas de ocultar a verdade”, afirmam os Bispos em seu documento.
Para os prelados, as irregularidades, perpetradas de forma quase impune, intensificaram a desconfiança em relação aos órgãos eleitorais e aos líderes que, ao desconsiderar sua dignidade, desrespeitam a verdade e o serviço público que deveriam representar. Essa situação gera no povo não apenas a confirmação de suas desconfianças, mas também questionamentos sobre a legitimidade dos eleitos.
Além disso, os Bispos destacam a alarmante taxa de abstenção observada nas eleições deste ano, onde mais da metade dos cidadãos inscritos não compareceu às urnas. Esse fenômeno pode ser interpretado como um reflexo da percepção de que a vontade popular, expressa nas urnas, não é respeitada, tornando o exercício do voto um ato fútil.
O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique, liderado por Venâncio Mondlane, também rejeita os resultados e reivindica a vitória.
No mesmo comunicado, os Bispos Católicos condenaram o duplo homicídio ocorrido em 18 de Outubro, que vitimou Elvino Dias e Paulo Guambe. “Condenamos o bárbaro assassinato de duas figuras políticas a relembrar com evidência, com semelhanças no método, outros assassinatos de figuras políticas ou da sociedade civil, também ligadas a partidos da oposição, ocorridos na sequência de anteriores eleições”, conclui o documento.