Sociedade
ONGs internacionais preocupadas com a má qualidade de ensino em Moçambique

Dados na posse do NGANI indicam que pouco mais de 70% das crianças e adolescentes no norte de Moçambique não completam o ensino primário. Os adolescentes entre os 13 e 17 anos de idade que vivem no norte têm as taxas de frequência mais baixas e têm poucas oportunidades alternativas de aprendizagem, apesar da isenção da taxa de matrículas aos alunos do primeiro ao sétimo ano de escolaridade.
Um dos factores que propicia a ocorrência deste cenário, tem a ver com a pobreza, porque muitas famílias continuam a depender da agricultura como fonte de sobrevivência. O grosso número delas não assiste adequadamente os seus educandos por falta de condições financeiras, facto que concorre para o fraco aproveitamento pedagógico, durante o processo de ensino e aprendizagem.
Para inverter este quadro, o Consórcio liderado pela World Vision lançou, na semana finda em Nampula, uma campanha denominada “Parcerias para Resultados da Educação Sustentável (PARES), que visa ajudar os alunos a melhorar as condições de ensino nas escolas, particularmente, na capacidade de leitura e escrita das crianças em idade escolar e para o uso de boas práticas de saúde, nutrição e dieta.
Segundo Maria Carolina Silva, directora geral da World Vision-Moçambique, a iniciativa irá abranger mais de 85 mil alunos de 157 escolas do ensino primário nos distritos de Monapo e Meconta, na província de Nampula e Milange na província da Zambézia, respectivamente. Maria Silva referiu que, a campanha é financiada pelo governo americano e está orçada em cerca de 35 milhões de dólares, para um período de cinco anos (Setembro de 2024 a Setembro de 2028).
“Esperamos com a campanha o crescimento das crianças em ambiente de paz, onde as raparigas e os rapazes gozem os seus direitos em plenitude”, disse. A fonte assegurou que o projecto vai se alargar para outros pontos do país e prevê assistir, nos próximos tempos, mais de 4 milhões de pessoas, cuja maioria são as crianças.
Desnutrição crónica – outro mal
Intervindo na ocasião, o governador de Nampula, Manuel Rodrigues Alberto, fez a radiografia dos casos sobre a problemática da desnutrição em crianças em Nampula, o qual disse que, os gráficos ainda continuam estacionários, ou seja, 46% das crianças dos 0 a 10 anos de idade, debatem-se com a desnutrição.
“Por exemplo, aqui em Nampula, taxa de desnutrição escolar situa-se em 3.4% no distrito de Monapo, contribuindo assim negativamente para o processo de ensino e aprendizagem da nossa criança”, revelou o governante.
Manuel Rodrigues disse que, os indicadores arrolados demostram evidências claras que é necessário que o governo e seus parceiros unam esforços para pôr cobro a essa problemática que compromete de certa maneira, o futuro das crianças. “A implementação do projecto cujo objectivo visa garantir a melhoria da dieta e higiene incluindo o saneamento do meio, assiduidade dos alunos e professores é sempre uma das formas de contribuir para a sobrevivência da sociedade Nampulense. Além disso, consta no nosso projecto de governação, o desenvolvimento do capital humano com destaque para as crianças”, disse. Todavia, Manuel Rodrigues exige maior colaboração entre as equipas de implementação do projecto e as comunidades, no sentido de evitar que o projecto termine no papel.