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Sociedade

Gamito dos Santos: A paz em Moçambique é uma miragem

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O activista e analista po­lítico, Ga­mito dos Santos Carlos, considera que a paz em Moçambi­que continua uma mira­gem, a avaliar pelos acon­tecimentos que têm vindo a ocorrer desde a assina­tura dos acordos gerais de Paz a 4 de Outubro de 1992, que pôs fim a guer­ra dos 16 anos, opondo o governo da Frelimo e a Renamo.

Dos Santos disse que o país nunca conheceu o verdadeiro sabor da paz, uma vez que, foram registados alguns confli­tos pós-eleitorais, perpe­trados pela Renamo, o maior partido da oposi­ção no país, devido à ale­gada fraude eleitoral.

“A paz está no papel, porque desde que foram assinados os acordos ge­rais, nunca a saboreamos. Sempre estamos em confli­tos, principalmente quan­do entramos num ciclo eleitoral. Os signatários da suposta paz sempre entra­ram em desavenças e como resultados muitos dos nos­sos irmãos perderam a vida inocentemente”, revelou

Ainda de acordo com o activista, um dos marcos que notabiliza a ausência da paz no país tem que ver com a caça aos críticos do regime do dia, citando a morte de Mahamudo Amurane, ex-autarca de Nampula, no dia 4 de Ou­tubro de 2017, na sua resi­dência particular, no bairro de Namutequeliua, arredo­res da apelidada capital do norte, como exemplo.

“É triste sabermos que hoje passam 7 anos sem aquele que foi o ícone de bem servir para a popula­ção de Nampula, porque antes de Mahamudo Amu­rane, nós não sabíamos exigir os nossos direitos. A nossa missão apenas era de votar e o resto cabe ao diri­gente decidir por nós e isso em democracia não é cor­recto. Ademais, todos os que criticam para o bem­-estar da população não são bem-vindos. Muitos que falam da verdade são combatidos pela Frelimo”, desabafou.

O terrorismo em Cabo Delgado é outro factor que compromete a paz em Moçambique, porque des­de 2017 tem vindo a criar dores e luto nas famílias, principalmente, as que resi­dem na província nortenha de Cabo Delgado. “A per­gunta que não quer calar é: De que paz estamos a cele­brar? Não faz sentido que continuemos a exaltar a paz, sabendo que parte do povo moçambicano morre e outros sofrem com guer­ras, fome e falta de medica­mentos”.

Governação municipal

Desde a morte de Amu­rane, o presidente da As­sociação Koxukhuru, Ga­mito dos Santos, nunca conheceu outro governante autárquico que se dedicou à causa popular.

“A situação é péssima nos últimos dias, porque temos uma cidade esbura­cada que não tem uma rua alternativa e como resulta­do andamos nas oficinas de dois em dois dias, isso não é benéfico para o cidadão. Outro assunto tem a ver com os jardins. Todos fo­ram construídos com tan­to sacrifício e hoje encon­tram-se em ruína, razão pela qual temos que afir­mar de viva voz que desde que Amurane morreu, es­tamos a ter um retrocesso porque as pessoas estão preocupadas em encher os seus estômagos do que servir a população”, disse.

Por sua vez, o secretá­rio de Estado na província de Nampula, Jaime Neto, reconheceu o esforço em­preendido pelo governo na busca da paz efectiva para o país, apesar da pre­valência do conflito arma­do em Cabo Delgado que já vitimou mais de 10 mil pessoas e mais de 1 mi­lhão de deslocados.

“É importante que con­tinuemos vigilantes para eliminar as causas que le­vam ao desentendimento, pois mais do que nunca somos chamados a re­flectir sobre o significado desta data de modo que as futuras gerações cresçam num país onde o diálogo seja sempre o primeiro ca­minho”, referiu.

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