Moçambique poderá ser afectado pelo aumento das tarifas dos EUA sobre importações

O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2), que vai impor taxas de 10% sobre tudo que entra no país, com tarifas mais altas ainda para a União Europeia (20%) e a China (34%), incluindo outros 60 países. A medida poderá também ter impactos significativos nas exportações moçambicanas para aquele mercado. 

Actualmente, Moçambique mantém uma balança comercial favorável com os EUA. Em 2024, as exportações para os Estados Unidos totalizaram 216 milhões de dólares, enquanto as importações de produtos americanos ficaram em 150 milhões de dólares, resultando num superávit de 66 milhões de dólares.

Os principais produtos moçambicanos exportados para os EUA incluem: 
– Pedras preciosas (responsáveis por mais de 50% das exportações); 
– Minério de titânio (25%); 
– Grafite (8%); 
– Além de tabaco não processado, fio de alumínio e açúcar não processado.

Com o aumento das tarifas, esses produtos poderão ficar mais caros para importadores e consumidores americanos, reduzindo a competitividade das exportações moçambicanas no mercado dos EUA. Se os custos adicionais forem repassados ao consumidor, pode haver uma diminuição da procura, o que representaria um risco para os exportadores moçambicanos. 

A decisão do governo americano ocorre num momento de crescentes tensões comercias globais e poderá afectar não apenas Moçambique, mas vários países que dependem do mercado dos EUA para escoar os seus produtos. Resta saber se haverá negociações ou excepções para parceiros comerciais estratégicos, como Moçambique, que nos últimos anos tem beneficiado de acordos comerciais favoráveis, como a “Lei de Crescimento e Oportunidade para a África (AGOA)”, que isenta diversos produtos africanos de tarifas alfandegárias. 

As autoridades moçambicanas e os exportadores devem acompanhar de perto a situação e avaliar estratégias para mitigar possíveis impactos dessa medida. (NGANI)