Sociedade
Quatro postos administrativos sem assistência sanitária em Mogovolas

Pelo menos quatro comunidades, correspondendo a igual número de postos administrativos no distrito de Mogovolas, província de Nampula, encontram-se actualmente sem assistência sanitária por parte do sector público. A situação resulta da destruição total e parcial das unidades de saúde, provocada por uma onda de desinformação que disseminou rumores sobre a suposta distribuição do vibrião colérico por técnicos de saúde, com o objectivo de dizimar a população.
As quatro infraestruturas de saúde danificadas juntam-se a uma unidade no distrito de Angoche, igualmente destruída em março, tal como aconteceu na vila-sede de Nametil, onde o laboratório e a farmácia também foram incendiados.
Diante da ameaça de agressões e mortes, os técnicos de saúde que prestavam serviços nas unidades afectadas refugiaram-se na cidade de Nampula, onde permanecem em “férias forçadas”, enquanto outros foram realocados para diferentes centros de saúde.
Cólera faz vítimas e preocupa autoridades
O distrito de Mogovolas é actualmente o mais afectado pela cólera na província de Nampula, que já contabiliza 36 mortes desde o início do surto, cinco das quais ocorridas ainda nesta semana. O número acumulado de casos já ultrapassa 1.772. Outros distritos também registam incidência da doença, como Murrupula, Larde, Nampula e Angoche.
Sem assistência sanitária próxima, os residentes de Mogovolas são obrigados a percorrer longas distâncias para obter atendimento médico, deslocando-se até a vila-sede do distrito ou mesmo até a capital provincial, Nampula.
Planos de reabertura e reconstrução
A Directora provincial de Saúde, Selma Xavier, confirmou a situação e informou que estão em curso encontros de coordenação com as comunidades para avaliar as condições de segurança necessárias à reabertura das unidades sanitárias. Segundo a responsável, a unidade localizada no posto administrativo de Muatua precisará passar por obras de reabilitação, com um custo estimado em pouco mais de quatro milhões de meticais — valor ainda indisponível.
Desinformação causa violência e vandalismo
Além de Mogovolas, Angoche também sofre com a propagação de boatos que incentivam a violência. A onda de desinformação resultou não só na destruição de uma unidade sanitária em um povoado vizinho, mas também no incêndio e na destruição de seis residências de líderes comunitários, culminando na morte de um dos membros da autoridade local.
As autoridades provinciais e locais trabalham para restaurar a ordem e garantir o retorno dos serviços de saúde à população. (Júlio Paulino)