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SERNIC detém supostos burladores do ICM no Niassa

Dois indivíduos indiciados na prática de burla avaliada em cerca de 16 milhões de meticais ao Instituto de Cereais de Moçambique (ICM), Delegação do Niassa, um dos quais é funcionário da instituição e o outro é trabalhador de uma empresa subcontratada para fornecer produtos agrícolas e empresa Nia-Alimentare, estão já detidos pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) na província, desde semana passada.
O Porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) na província do Niassa, Moisés Matangue, que convocou a imprensa na manhã da última terça-feira (27/02) para divulgar alguns resultados operativos da sua instituição, disse que dos dois nacionais, um com 56 anos de idade e o outro com 36, foram detidos na sequência de terem defraudado a uma empresa denominada Nia-Alimentare, na cidade de Lichinga, no ano de 2021.
Segundo Moisés Matangue, no mesmo período, precisamente nos meses de Julho a Setembro a mesma instituição sentiu a necessidade de obter alguns produtos agrícolas, com destaque para o milho, cuja quantidade estimada foi de 6.896 sacos e neste processo solicitou serviços de uma outra firma que foi subcontratada naquele operava na responsabilidade de um nacional de 36 anos de idade, enquanto um deles, o terceiro, também funcionário do ICM encontra-se amonte.
Quando contratada, o nacional que deveria entregar milho a empresa para posterior depósito no armazém do Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) NO Niassa, um deles interagiu com alguns funcionários do ICM de modo que ao invés de depositar a quantidade do milho à empresa, passou, apenas, a dividir o montante recebido com os que exerciam funções na instituição, sem, no entanto, cumprir a missão inicialmente traçada, acção criminosa que causou um prejuízo já referenciado, de aproximadamente 16 milhões de meticais.
“Portanto, estes funcionários para fazer supor que este nacional estava a proceder a entrega daquele produto, estes simulavam as mesmas quantidades nos mapas de controlo da empresa que estava no armazém. Desta acção criminosa causou um prejuízo de aproximadamente 16 milhões de meticais”, disse Matangue.
No Niassa, de Janeiro a Fevereiro, a província tem vindo a registar um aumento de casos de burla, pois foram notificados cerca de 53 situações desta natureza, contra 26 do igual período do ano anterior e dos que foram tomados notas em 2024 levou a detenção de 37 indivíduos em contraposição de 11, de 2023, e, em consonância com o acelerar do cenário de crimes do género, o SERNIC apela a população, no geral, para que seja mais vigilante e prudente nas relações que estabelece com cidadãos que ou com quem solicitam prestação de qualquer um dos serviços, com vista a evitar prejuízos às vítimas.
“Também, queremos desencorajar aos indivíduos que têm prospecção para a prática de crimes de burla na nossa província porque o SERNIC está atento e vai continuar a trabalhar de modo a neutralizar aqueles que já cometeram crimes de burla e que até este momento o SERNIC não os neutralizou e assim também serão neutralizados aqueles que, por ventura, virem a cometer este tipo de crimes”, apelou Matangue.
Como causas da onda crescente de burla no Niassa, onde as cidades de Lichinga e Cuamba assumem a dianteira, de acordo com o Porta-voz do SERNIC na província, fazendo uma avaliação dos casos já registados, primeiro é o próprio desenvolvimento das duas áreas geográficas que se regista e a outra é a evolução da própria tecnologia que permite a facilidade de contactos ou comunicações entre as pessoas.
Falando à Imprensa, um dos detidos, de 36 anos de idade, disse que foi contratado por alguma entidade em 2021 para prestação de serviços de compra de milho em que, no primeiro dia, foi cedido cerca de 120 mil meticais para os passos subsequentes, embora não ter sido acordado taxativamente as toneladas previstas e nem com quem iria cumprir a missão.
Tal como disse, pela escassez do produto, ele pediu para que seja apoiado por mais outra pessoa e, por sinal, o contratante preferiu escolher um trabalhador de quem assumia a tarefa e cada um exercia o seu papel em locais diferentes, mas chegado o período de compra do milho, procurou saber de quem seria a responsabilidade de pagamento monetário da missão cumprida por ele mesmo, na qual foi dito para esperar pela resposta do director.
“De 2021 ficamos, todo ano acabou. Fui mais incomodar que chefe eu quero pagar nas Finanças, quero dinheiro. Disse que o milho não vendemos. Em 2023 foram tirar o milho quase no fim do ano começaram a moer. Eu lhe segui mais. Então, fiquei admirado. Quando comecei a apertar de precisar o meu dinheiro das facturas o que eu trabalhei, ele me dá resposta de que o milho não chegou no armazém. Confusão começou daí mesmo”, revelou o acusado.
Já para o outro cidadão de 56 anos de idade e funcionário do Instituto de Cereais de Moçambique (ICM), Delegação do Niassa, explicou que foi informado sobre uma empresa, a Nia-Alimentare, para prestação de serviços de armazenamento do milho e, para o efeito, indicou o espaço, mas avisou preliminarmente que logo que a viatura chegasse para descarregar o produto o mesmo deveria ser colocado no chão para confirmações preliminares, o que não foi aceite porque se estava a correr com o mercado.
Passado o tempo, segundo explicou ainda, vieram os trabalhadores da mesma empresa e estabeleceram comunicação para com ele, portando balanças para medições, mas que alguns dos sacos nem sequer estavam a ser submetidos ao processo e alguns deles estavam a sofrer de redução em termos de quantidades.
“Eles fizeram aquilo. Cumpriram só um mês. Depois de alguns dias, chegaram ali vieram tirar aqueles sacos, inclusive o lixo e foram queimar. Eu perguntei: estão a queimar porquê? Disse isso não é da sua parte porque nós aqui pedimos o espaço. Eu nunca peguei mapa de dinheiro e nem de produto”, revelou o outro indiciado.