Nampula: Dois manifestantes mortos pela polícia em protestos eleitorais

Dois manifestantes foram mortos a tiros pela polícia nesta quarta-feira durante confrontos na cidade de Nampula. As vítimas participavam de marchas contra os resultados das eleições divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que deram vitória ao candidato da Frelimo, Daniel Francisco Chapo, com 70% dos votos.  

As mortes ocorreram na zona da Faina, ao longo da Avenida do Trabalho, um dos principais palcos das manifestações. Durante a manhã, diversas vias importantes da cidade, incluindo as avenidas do Trabalho e Eduardo Mondlane, ficaram completamente bloqueadas devido à colocação de barricadas e à queima de pneus pelos manifestantes.  

Num acto simbólico, manifestantes interromperam o trajecto do comboio da mineradora Vulcan, que opera nas minas de Moatize, quando este seguia rumo ao porto de Nacala. A tensão também afectou o maior mercado a céu aberto da região norte, Waresta, e resultou no fecho de lojas e supermercados nas áreas próximas às manifestações.  

O transporte público foi paralisado por completo, deixando a chamada “capital do norte” sem circulação de veículos. NGANI foi impedido de passar por uma das barricadas na Avenida do Trabalho e foi instruído pelos manifestantes a recuar para evitar “consequências graves”.  

Na Avenida Eduardo Mondlane, outro ponto de aglomeração, os manifestantes tentaram avançar em direcção à residência protocolar do governador de Nampula, Manuel Rodrigues. No entanto, foram impedidos pela Unidade de Proteção de Altas Individualidades, que reforçou o bloqueio no local.  

Até o momento, a polícia em Nampula não se pronunciou sobre os incidentes. NGANI continua a acompanhar a situação e promete trazer mais detalhes em breve.  

Vale lembrar que, na terça-feira, o candidato presidencial do partido Podemos anunciou em sua página no Facebook novas formas de protesto. Entre as medidas, estão a paralisação de atividades das 8h às 15h e um ”panelaço” noturno às 21h, ações que devem continuar por pelo menos três dias.

(Agostinho Miguel)