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Eleições legislativas: Botswana exemplo de uma transição pacífica de poder em África

Contrariamente ao que se assiste em vários países africanos incluindo Moçambique, onde os partidos libertadores não querem “largar o poder” de forma pacífica, a República do Botswana provou o contrário dando lição aos regimes ditatoriais.
Esta sexta-feira (01), a Coligação para a Mudança Democrática (UDC, na sigla em inglês), de Duma Boko, principal partido da oposição naquele país, ganhou as eleições legislativas e agora é favorito para ser nomeado pelo parlamento como o próximo presidente do Botswana.
Boko, um advogado de direitos humanos de 54 anos, derrubou através de voto popular o Partido Democrático do Botswana (BDP), do Presidente Masisi, que governa aquele país africano há mais de 60 anos.
Resultados parciais das eleições legislativas de quarta-feira, divulgados horas antes, mostram que a UDC lidera com 20 dos 61 lugares no parlamento. O Partido do Congresso de Botswana (BCP, na sigla em inglês) tem sete e a Frente Patriótica do Botswana (BPF) tem cinco.
O Partido Democrático do Botswana (BDP), do Presidente Masisi, conquistou apenas um lugar até ao momento.
Os resultados comunicados pelos vários gabinetes de apuramento mostram que os três partidos da oposição obtiveram em conjunto 32 lugares, o suficiente para controlar o parlamento.
Reconhecendo o poder e vontade popular, o presidente de Botswana, Mokgweetsi Masisi, anunciou hoje que vai demitir-se do cargo e felicitou a oposição pela vitória.
“Gostaria de felicitar a oposição pela sua vitória e conceder a eleição”, declarou o chefe de Estado cessante, durante uma conferência de imprensa.
Os resultados deverão ser confirmados pela Comissão Eleitoral Independente do Botswana ainda hoje, com a contagem a decorrer.
Masisi, que tomou posse em 2018, garantiu que iria “iniciar todos os procedimentos administrativos para facilitar a transição”.
Mais de um milhão de eleitores neste país rico em diamantes foram às urnas para escolher também entre quatro candidatos para liderar a democracia mais antiga da região, que está nas mãos do BDP há 58 anos, desde a independência dos britânicos, em 1966.
O Botswana, um país estável e rico em diamantes, é o segundo maior produtor mundial, representando um quarto da economia do país e mais de 90% das suas exportações. (NGANI)