Sociedade
Chuvas intensas dão boas-vindas a Rasaque Manhique e Júlio Parruque

A província de Maputo está, desde a madrugada deste sábado, sob chuva intensa, com a baixa da cidade capital e diversos bairros alagados, prevendo-se que o mau tempo continue até terça-feira, um fenómeno que não é novo e dá boas vindas aos edis empossados recentemente.
A chuva deixou vários bairros das cidades de Maputo e Matola alagados, incluindo a baixa da capital, que tem uma das principais avenidas quase intransitável: 25 de Setembro. Rasaque Manhique, presidente do Conselho Autárquico da Cidade de Maputo e o seu vizinho de cidade Júblio Parruque, presidente do Conselho Autárquico da Matola tomaram posse em Fevereiro como novos edis, mas deverão enfrentar velhos problemas deixados pelos seus antecessores.
Se há um problema de legitimidade para ambos, as chuvas, que destapam vários cenários de incompetência e incúria de Estado poderão pôr a prova a sua capacidade de salvar rapidamente as famílias que estão debaixo das chuvas. De acordo com as autoridades meteorológicas as chuvas poderão ir até amanhã, estendendo o pesadelo que teimar em não evaporar para o bem de milhares de famílias que vivem em Maputo e na Matola.
“Este é o resultado da combinação entre o tempo quente que registamos nos últimos dias na zona sul do país e a humidade. Esta conjugação gerou esta instabilidade e esta queda de precipitação. O volume de precipitação esteve em torno de 150 milímetros em menos de 24 horas (…)”, declarou à Lusa Telmo Sumila, meteorologista. “Este cenário vai continuar nas próximas 24 horas. Para Maputo, pelo menos até terça-feira o cenário vai abrandar”, explicou Telmo Sumila.
Além da província de Maputo, a chuva cai também nas províncias de Gaza e Inhambane, no sul, com um volume de 50 e 75 milímetros nas últimas 12 horas, prevendo-se que o mau tempo também afete o litoral de Sofala e Zambézia, no centro do sul.
Até terça-feira, o estado de tempo poderá melhorar na província de Maputo, mas vai piorar no norte de Inhambane e também afetar o litoral das províncias de Sofala e Zambézia, frisou. A Administração Regional de Águas do Sul (ARA-SUL) apelou neste domingo, em comunicado, para medidas de precaução face ao aumento dos níveis de água nas bacias dos rios Movene e Calichane, em Maputo.
“Além disso, a capacidade de retenção da barragem dos Pequenos Libombos está reduzida após a passagem do ciclone tropical `Fillipo´(que se abateu sobre o sul do país há pouco mais de uma semana). Estejam em alerta e tomem medidas de segurança adequadas”, refere-se no documento.
Dezenas de empresas emitiram comunicados de imprensa informando a suspensão dos seus serviços enquanto a situação de chuvas fortes prevalecer, com destaque para os Caminhos de Ferro de Moçambique.
A actual época chuvosa em Moçambique, que começa em Outubro, já provocou a morte de um total de 135 pessoas e afectou outras 116.334, indica um relatório publicado pelas autoridades recentemente. Dos 135 óbitos registados desde outubro e até segunda-feira, 57 foram causados por descargas atmosféricas, 31 por cólera, 24 por afogamentos, 20 por desabamento de casas e três por ataques de animais, refere o relatório do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).
A época das chuvas 2023/2024 causou ainda 181 feridos, a destruição total e parcial de 6.348 casas e inundação de outras 10.473, além de afetar também 652 embarcações, 26.354 hectares de culturas, 5.879 dos quais considerados perdidos.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.


