Eleições Gerais 2024
Venâncio Mondlane denuncia violência policial e critica a tomada de posse de Daniel Chapo

Em uma transmissão ao vivo que atraiu mais de 100 mil espectadores, Venâncio Mondlane, candidato presidencial pelo partido PODEMOS, denunciou a brutalidade policial contra manifestantes e criticou a cerimônia de posse de Daniel Chapo, vencedor das eleições presidenciais de 9 de Outubro.
Mondlane iniciou seu discurso agradecendo aos manifestantes pelo apoio e solidarizou-se com as vítimas de violência policial. Ele descreveu a cerimônia de posse de Chapo, realizada em Maputo nesta quarta-feira(15), como um “teatro político”, criticando o forte aparato de segurança. “A militarização de eventos públicos demonstra claramente o quanto este governo teme a sua própria população”, declarou.
Contexto eleitoral
As eleições presidenciais foram marcadas por tensões e denúncias de irregularidades. Daniel Chapo, candidato pela Frelimo, foi declarado vencedor pelo Conselho Constitucional com 65,17% dos votos, seguido por Venâncio Mondlane, do PODEMOS, com 24,19%. Ossufo Momade, da Renamo, obteve 6,62%, enquanto Lutero Simango, do MDM, ficou em quarto lugar com 4,02%.
O PODEMOS e outros partidos políticos contestaram os resultados, alegando manipulação no processo eleitoral e repressão contra seus apoiadores, com vários relatos de violência policial durante e após o pleito.
Acusações de plágio e críticas à transparência
Mondlane também criticou o primeiro discurso de Daniel Chapo como presidente, acusando-o de plagiar propostas de seu manifesto de campanha. “É gratificante saber que sou um bom professor”, ironizou. Ele destacou que o discurso de Chapo carecia de propostas inovadoras e reforçou a importância de políticas públicas transparentes e inclusivas.
Mondlane anunciou ainda que apresentará, na sexta-feira (17 de janeiro), às 15h, suas propostas para os primeiros 100 dias de uma gestão alternativa. “Enquanto eles encenam, nós trabalhamos para construir uma verdadeira mudança”, concluiu.
A posse de Daniel Chapo
Daniel Chapo foi empossado em uma cerimônia na Praça da Independência, em Maputo, cercada por forte segurança policial e militar. Em seu discurso, ele prometeu unir o país e priorizar investimentos em infraestrutura, saúde e educação. No entanto, as críticas à legitimidade do processo eleitoral e às denúncias de repressão continuam a gerar desconfiança sobre sua administração.
As divergências entre Chapo e Mondlane ilustram a polarização do cenário político em Moçambique. Enquanto o presidente eleito busca consolidar sua liderança, Mondlane emerge como a principal voz da oposição, prometendo continuar a lutar pela democracia, transparência e pelos direitos dos cidadãos.(Victor Xavier)