Opinião
Para roubar ao povo, tudo vale e tudo serve!

Não gosto de instrumentalizar a ninguém e nem de ser instrumentalizado, mas gosto de questionar quando sinto a necessidade para tal. Senão vejamos:
Ontem, Domingo 06 de Outubro 2024 foi o encerramento dos 45 dias transformados em dia 1 de Abril, dia da mentira. Sim é isso mesmo, 45 dias de mentira. Foram dias que sufocaram os nossos ouvidos mesmo nas horas de repouso. A dúvida que não quer calar é: Já se foram trinta anos desde que se iniciou o processo dito multipartidário, falo concretamente da idade dos processos eleitorais, pelo menos das eleições presidenciais. De lá pra cá o que mudou?
Veio o tio dos cabritos que comiam onde estavam amarrados e se foi. Depois veio o tio que enriqueceu, criando patos, também se foi e por último veio o empregado do povo que está quase indo. Mas me parece que os problemas daquela época são os mesmos de hoje, senão piores. Não sei se tem justificação plausível para a tal manutenção.
Se compararmos a idade dos processos eleitorais com a idade de um jovem, que tenha também trinta anos e verificarmos o seu nível de comportamento e constatarmos que tem o mesmo de quando tinha dez ou vinte anos, pode-se dizer que este jovem é um imbecil. Visto que a idade vai aumentando e o comportamento mantem-se o mesmo. Um imbecil não tem noção do bem e do mal. É assim que vejo este punhado de gente, com cara sem vergonha, vindo ainda com as mesmíssimas promessas que passei ouvindo desde que nasci. Prometem melhores escolas, melhores estradas e melhores hospitais… e com a ousadia de acrescentar que até darão praias em zonas desérticas. Haja coragem, haja vergonha…
Quanto precisamos pagar? Para que vocês arrumem as vossas malas e saiam de uma vez por todas. Para que possamos ter uma vida não de luxo, pois o luxo em algum momento deturpa as nossas mentes, mas sim de uma vida estável em que todo mundo possa ter o básico à sua disposição. Refiro-me de acordar e ter o pão à mesa para o pequeno-almoço, depois o almoço, não falo do lanche, pois estaria a pedir demais. E no cair da noite um jantar que nos garanta um sono tranquilo, para que no dia seguinte consigamos ir à procura do nosso ganha-pão sem termos que acordar às 3h00 da madrugada para prepararmo-nos. Interromper o nosso sagrado sono para ir à paragem para se tornar num Mike Tysonou Muhammad Ali, só para garantir um lugar no My loveporque falar de machimbombo estaria a pedir demais.
Enfim…. Foram-se os 45 dias legalizados para mentir ao povo deste belo e rico Moçambique que na verdade de beleza e riqueza só ouvimos e algumas vezes vimos pelas televisões.
Foram 45 dias que não conseguimos distinguir pelo menos em pequena escala quem era da elite e quem era do povo, pois pelo menos nestes dias, tentaram se misturar. A elite estava na base à procura de oficializar mais cinco anos de sofrimento, de endividamentos, de humilhações, de greves e de muito mais. Digo isto porque nós o povo, somos cúmplices número um. Ninguém os leva ao topo sem a nossa permissão. Podem cair de para quedas os nomeados, os famosos ministros e PCAs, mas o número um somos nós que os colocamos lá.
E deveríamos ser nós a retirá-los, mas o medo da opressão, das cadeias, das perseguições das armas, dos cães de raça, dos blindados medos daqueles irmãos que deveriam nos proteger, mas que viraram sanguessugas à troco de algumas mordomias temporárias, nos mantem no sofrimento até hoje. O pior é que eles também depois de usados sofrem connosco. Mas podem crer, nada é eterno. Tudo o que nasce morre e tudo o que vem, um dia se vai. Onde está o Hitler? Mussolini?José Eduardo dos Santos e tantos outros que um dia foram os deuses da terra e hoje a natureza os corrigiu.
Vimos nestes 45 dias, os que nunca dançaram com o povo e tornaram-se bons dançarinos em comícios de grandes envergaduras. Na minha óptica, para a montagem daquelas tendas gigantes de uso temporário, o seu orçamento serviria para tirar algumas crianças que estudam debaixo das árvores, ou podia servir para aquisição de alguns quites básicos de medicamentos para os nossos hospitais. Agora conte comigo quantas ilustres tendas gigantes foram montadas nestes 45 dias em todo o país para o uso de poucas horas? Onde buscaram tanto dinheiro que não existe para pagar os polícias, os membros das FADM, as horas extras dos professores? Alguém me ajuda a responder? E o incrível nisso tudo, é que outros sem tendas gigantes e empoleirados em pequenas carinhas eram mais acompanhados e seguidos com o povo sem que fossem transportados em freighliners… e nem coagidos ou comprados em troca de sumos e um prato de arroz. E mesmo assim tiveram presenças massivas e de invejar.
Foram 45 dias de transporte gratuito de passageiros em camiões de grandes tonelagens e que a dita polícia de trânsito, fazia vista grossa, pois sabia, que aqueles passageiros pelo menos naqueles dias, eram super especiais, apesar de só serem garantidos transporte de ida, pois o regresso aos seus destinos, estava no salve-se quem poder, uma vez que o objectivo daquela ida àquele local já expirara o seu prazo.
Feliz ou infelizmente foram-se os 45 dias, que sem medo ou receio de mentir ao povo, prometeu-se de tudo menos nada, e por incrível que pareça, ninguém teve a ousadia de questionar, se tais promessas por mais que absurdas fossem, seriam possíveis de executá-las. Como por exemplo fazer pontes onde não existem rios.
Outro facto interessante naqueles 45 dias, foi ter visto vários grupos de cidadãos e partidos políticos, que os meus ouvidos jamais tiveram a oportunidade de ouvir sobre a sua existência, mas que dizem existir… Sim existem de cinco em cinco anos e concretamente na época dos 45 dias. Surgem para caçar aquela famosa verba que lhes é atribuída para que possam sair para mentir ao povo. E por onde eles andam naqueles períodos em que o povo precisa de uma voz para os consolar? Naqueles momentos em que o povo tem gritado por socorro?
Alguns dirão: não tem como serem ouvidos ou vistos uma vez que são extraparlamentares. Será que a única forma de se fazer ver ou ouvir é no parlamento? Numa época de explosão das redes sociais e dos Mídias não seria o período ideal para se fazerem conhecer? Para se mostrarem e provar que não aparecem somente naqueles dias para receber aquela famosa verba.
Vimos nos 45 dias todos eles de porta em porta fazendo os seus pedidos e caçando o famoso voto. Lá foram eles caçando de bairro em bairro, de localidade em localidade de distrito em distrito de província em província, outros chegaram às mais recônditas zonas que jamais um dia sonharam chegar, porque estavam à procura de carimbar o passaporte que lhes autorize a nos desgraçar.
O que está na mente dos concorrentes que faz com que eles se esqueçam, que nasceram nesta bela pátria? O que faz com que um indivíduo que nasceu, cresceu e foi vivendo todo o tipo de crises possíveis e existentes, faça com que ao atingir aquela famosa cadeira que nem sei de que material fora fabricado, perca a cabeça, ou se esqueça de tudo o que antes vivera? A empatia não é algo que se obrigue a ninguém, mas se o candidato é lucido e sensato, e se sentiu obrigado a servir o povo, era suposto que ela, a empatia, coabitasse com ele, pois a empatia é um dos sentimentos que ao menos deveria ser o mínimo requisito para que o candidato tivesse para concorrer a esse tipo de cargos. Pena que não se mede em quilogramas.
Outro facto interessante e que carece de um estudo profundo, foi ver nestes 45 dias, a classe dos professores, abandonando as suas turmas para se fazer à rua alegadamente porque foram fazer campanha. Esqueceram-se que dia e noite choraram, lamentaram e juraram nunca mais se submeter a certas actividades que não se identificavam com seu caracter. Onde ficam com a cabeça no momento de usar a mesma? As vossas horas extras, os vossos míseros salários, os vossos turnos e meio e até os atrasos salariais estão resolvidos? Ou se esqueceram que num sistema fechado em reação a massa mantém-se constante como dissera Lavoisier? Nada mudou, os sistemas mantêm-se, apenas mudaram a peça. Sai um e passou para outro, ambos mamaram do mesmo leite. Passou muito pouco tempo e hoje, esqueceram-se de tudo como se de uma lavagem cerebral tivessem sofrido. Esqueceram-se que num passado não tão longínquo, empunharam dísticos do famoso “queremos nosso dinheiro de horas extras”, esqueceram que foram mandados beber água? Já não estão com sede ou querem mais água? Até quando continuarão penhorando o vosso futuro? E a troco de o quê? De alguns trocados que vos serão úteis em dois ou três dias? E os próximos 5 anos? Acredito que ter sono é normal para todo o ser vivo. Mas dormir como esta classe dorme, ao ponto de esquecer de acordar para fazer certas actividades do nosso quotidiano, pode ser patológico. Todos devemos fazer parte sim de todo este processo para o bem do nosso belo e vasto Moçambique, mas que façamos acordados e não dormindo, pois, o sonambulismo pode nos levar ao paraíso temporário de até nos esquecermos que estávamos num sono profundo. E no fim quando acordamos e voltamos ao normal, aí nos demos conta que estávamos a dormir. Não no paraíso, mas sim na esteira e na pequena sombra da bananeira que se encontra no pequeno quintal do nosso vizinho pois nem casa própria temos.
No dia 9 é para reflectirmos antes do X. Fui, até 15 de Janeiro 2025, dia das outras promessas.
MOMADE CÁSSIMO